Thursday, October 30, 2008

Las manos

Dos especies de manos se enfrentan en la vida,
brotan del corazón, irrumpen por los brazos,
saltan, y desembocan sobre la luz herida
a golpes, a zarpazos.

La mano es la herramienta del alma, su mensaje,
y el cuerpo tiene en ella su rama combatiente.
Alzad, moved las manos en un gran oleaje,
hombres de mi simiente.

Ante la aurora veo surgir las manos puras
de los trabajadores terrestres y marinos,
como una primavera de alegres dentaduras,
de dedos matutinos.

Endurecidamente pobladas de sudores,
retumbantes las venas desde las uñas rotas,
constelan los espacios de andamios y clamores,
relámpagos y gotas.

Conducen herrerías, azadas y telares,
muerden metales, montes, raptan hachas, encinas,
y construyen, si quieren, hasta en los mismos mares
fábricas, pueblos, minas.

Estas sonoras manos oscuras y lucientes
las reviste una piel de invencible corteza,
y son inagotables y generosas fuentes
de vida y de riqueza.

Como si con los astros el polvo peleara,
como si los planetas lucharan con gusanos,
la especie de las manos trabajadora y clara
lucha con otras manos.

Feroces y reunidas en un bando sangriento
avanzan al hundirse los cielos vespertinos
unas manos de hueso lívido y avariento,
paisaje de asesinos.

No han sonado: no cantan. Sus dedos vagan roncos,
mudamente aletean, se ciernen, se propagan.
Ni tejieron la pana, ni mecieron los troncos,
y blandas de ocio vagan.

Empuñan crucifijos y acaparan tesoros
que a nadie corresponden sino a quien los labora,
y sus mudos crepúsculos absorben los sonoros
caudales de la aurora.

Orgullo de puñales, arma de bombardeos
con un cáliz, un crimen y un muerto en cada uña:
ejecutoras pálidas de los negros deseos
que la avaricia empuña.

¿Quién lavará estas manos fangosas que se extienden
al agua y la deshonran, enrojecen y estragan?
Nadie lavará manos que en el puñal se encienden
y en el amor se apagan.

Las laboriosas manos de los trabajadores
caerán sobre vosotras con dientes y cuchillas.
Y las verán cortadas tantos explotadores
en sus mismas rodillas.


(Miguel Hernández)
(30 de Outubro de 1910 - 28 de Março de 1942)


27 comments:

Anonymous said...

Um bonito hino às mãos de quem trabalha.

Abreijo.

pin gente said...

faço minhas as palavras acima (que sempre me ultrapassam, eheh)
há também as mãos que, nada fazendo, se omitem...

um beijo e boa noite
até amanhã (hoje... logo... sei lá! já estou com sono.)
luísa

samuel said...

Grande poema... e "Para la libertad" faz parte da banda sonora que me acompanha sempre no carro.
No tal "tempo da Cruz Quebrada", era um arrepio repetido... estou a ver o LP, lá na sala comum, alinhado com os Zecas, Ibañes, Adrianos, etc, etc...

Abreijos

BlueVelvet said...

Com as mãos se trabalha, se luta, se ama.
Um poema soberbo, que não conhecia.
Beijinhos e veludinhos azuis

fj said...

às mãos...essa "peça" tão importante do nosso corpo.

fiquei a conhecer "Miguel Hernández".

Carminda Pinho said...

Maria,

com as mãos tudo se faz...

Para la libertad...siempre!

Beijos, e obrigada pelo teu comentário tão emocionante, especialmente hoje.

mundo azul said...

Algumas palavras eu fico devendo, pois não domino o idioma... Mas, do que entendi, o poema é lindo e muito sentido!


Beijos de luz e o meu sincero carinho!!!

Teresa Durães said...

mais um belo poema que não conhecia!

Anonymous said...

Maria
As mãos são executantes do cérebro!
Bonito poema!
Bjo amiga

Unknown said...

Verdadeiro, lindo e revigorante. Quer o poema quer a canção.
Bj.
EA

Anonymous said...

Maria

Mesmo que doídas...
mal tratadas...
mutiladas...
com as mãos se faz...
o pão,
se faz...
a paz!

Lindo o poema e canção !!!!!

beijos
ausenda

Fernando Samuel said...

Ah!, estas mãos que háo-de construir o mundo novo...
Lindíssimo!


Um beijo grande.

Mar Arável said...

Maria

sempre

Meg said...

Maria,

Las laboriosas manos de los trabajadores
caerán sobre vosotras con dientes y cuchillas.
Y las verán cortadas tantos explotadores
en sus mismas rodillas.


Nem mais!

Beijos

Agulheta said...

Maria. Pela liberdade e com as mãos se faz a força do trabalho.
Beijinho

Anonymous said...

O grande e genial epígono da Geração de 27... O Mestre Poeta. Bem recordado. Kiss

Anonymous said...

Gostei muito de seu blog e seus escritos...bjs

António Inglês said...

Olá Maria

As mãos são o braço armado do coração e se por vezes têm reacções menos felizes, na grande maioria são o suporte de uma vida de sacrifício, de trabalho,de amor, de carinho, de ternura.
São elas que nos transmitem as sensações, que nos seguram, que nos defendem, que nos acariciam e nos abraçam.
Um abraço
António

A. Jorge said...

Tudo o que publicas tem uma força invencível!

Um beijo

Jorge

Delfim Peixoto said...

Me quedo en esta nostalgia mas en esta magia también... Hermosa es tu guapa niña mujer que hiciste un momento de deslumbraniento

FERNANDINHA & POEMAS said...

Querida Maria, tu sabes eu sei, todos nós sabemos, que só com luta a vida se torna mais fácil... Linda música... Beijinhos sem fim,
Fernandinha

mariam [Maria Martins] said...

Não conhecia, Maria.
Obrigada.

um sorriso :)
mariam


ah! obrigada p'las palavras, sempre queridas, que deixa.

mfc said...

Nuestros hermanos son especiales!

Gosto destes teus gostos castelhanos.

Maria said...

mfc

os poemas não são meus, o de hoje é de Miguel Hernandez e o de anteontem de Rafael Alberti.
Achas que eu era capaz de escrever assim?

Beijos

Maria said...

Agradeço a todos a passagem por aqui.

Beijos

Maria said...

mfc

ignora o comentário acima.
"tresli-te"...

O Sibarita said...

Eita Maria Companheira retada, é isso, o mundo deveria ser socialista, faça fé!


E ai tuga? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

bjs
O Sibarita