Morre lentamente
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Morre lentamente...
Pablo Neruda
33 comments:
36 anos depois de ter 'voado', aqui fica a minha homenagem ao Homem, ao Poeta, ao Resistente, ao Lutador Pablo Neruda.
É preciso viver... rapidamente!
Abreijo.
E é bonita a tua homenagem. Memória é o que vai faltando cada vez mais...
Abreijos.
Por tantos que morrem lentamente mais nascerão e descobrirão a vida.
Obrigado, Maria, por Neruda... e por ti.
Grande homenagem, Maroca!
Beijo enorme AICeT
E quanta razão ele tinha e como são actuais estes versos.
Temos mesmo que agarrar a vida para não morrermos...lentamente.
Beijinhos, amiga
obrigada por o teres "postado". estava a precisar de afirmações que me demonstrassem que não sou louca, mas que estou viva.
obrigada, outra vez.
Uma belissima homenagem a um grande poeta...
Abraço
Chris
Alguns nomes serão sempre imortais no nosso coração.
E, é preciso reter as palavras. Não deixar que os dias morram dentro de nós. Não deixar que os sonhos se apaguem.
Luto todos os dias para não deixar que essa tendência natural se instale.
Beijo enorme e terno de Sempre
Lindo! E acho que eu não vou morrer lentamente. :)
Beijinhos
Acredita...ainda não morri
Ainda ando por aqui...
e muito cansada rapidamente
o que me faz vir aqui tão lentamente
Logo que possa virei mais assiduamente!
Mãe é assim...prioridade eternamente!
Bonito teu dizer de Pablo Neruda
Conhecia, lê-lo bem, ajuda!!
Fica meu beijo ternamente!
Vamos agarrando a vida com tudo que pudermos.
Gostei desta memória.
Beijos, Maria.
Maria:
Ontem não te consegui comentar. O teu blogue não abria. só se via no reader...
Bom, adoro este poema. é um dos meus poemas âncora. Excelente escolha, numa época em que faz falta lê-lo e relê-lo
É dos tais poemas que nos dá imensa força
Beijo
João
"os poetas transportam-nos a um mundo mais vasto ou mais belo, mais ardente ou mais doce que este que nos é dado..."
Em, Memórias de Adriano
P.S
Maria, falarei com o meu António.
Também gostava de repetir..., mas a uma sexta... depois de uma semana de trabalho... UHM...
Mas veremos o que se arranja...
Beijinho
Bela homenagem!
Obrigada pelo poema que nos lembra que é preciso celebrar a vida!
Abraço
Esta tua evocação reacende-me a Memória do Homem, Poeta, Resistente e Lutador como dizes, e bem!
Relei-o e reencontro-me a andar com a vida numa mão e o sonho na outra. Quando eu morrer há-de ser de repente e de pé!
Um abraço
"...vou, duro de paixões, montado na minha onda unica..." (Neruda)
Agradeço-te por Neruda!
Um beijo
Adoro Pablo,ele é muito bom mesmo!
Arriscar, para viver. Bela, a mensagem do poeta. Assim a tua homenagem:))
E quem de nós quer morrer lentamente ? vivamos então... com a velocidade que seja a certa em cada momento para cada um de nós.
Beijo grande
Ele também morreu de tristeza. E nós sabemos porquê.
Sublime!
beijocassss
vovó Maria
Maria.Boa homenagem a Pablo! morrer mas de pé e com dignidade e determinação,de ter coragem para dar o tal murro na mesa e dizer chega?andamos a ser enganados por alguns,mas é preciso abrir os olhos,e nunca se deixar levar pelas aparências,e estão a aparecer alguns adormecidos,as (múmias)
Beijinho fica bem
Lisa
Bela homenagem!
Texto magnífico!
Um beijo grande.
Linda homenagem e o que o seu exemplo seja seguido por todos nós.
bjs
Morre-se lentamente...
Que palavras!
Obrigada por mo relembrares!... :)
:)) sempre atrasada :))
eu. Mas tenho uma boa desculpa: andei a testar-me. Ainda não morri. :)
Bela homenagem a quem não vai morrer na nossa memória.
Fantástico texto que nunca me canso de ler.
Obrigada, Maria.
Um beijo.
E todos nós, mesmo sem querer, vamos morrendo lentamente...
Beijinhos
Neruda, poeta maior. :-)
Adoro ler este poema do Pablo, pela mensagem que transmite..
Um beijo Maria!
Além de poeta, Neruda era um sábio.
Um abraço e bom fim de semana
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